quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O gosto do meu fracasso I

Fracassei.
Fracassei quando te evitei por todos esses meses.
Fracassei desde o momento em que te disse que nunca mais queria ver teus olhos.
Só hoje descobri o amargo sabor do meu fracasso (maldita lista de aprovados!) porque não se pode evitar para sempre o que ficou marcado na carne.
E agora ter que vomitar todas as lembranças, todo aquele passado sombrio encima do futuro que construí com tanto zelo...
Fracassei.
Fracassei mais uma vez.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O gosto do nosso fracasso

É a bilhonésima vez que tento te fazer entender quem sou e o que eu quero, o que eu espero de nós dois. E pensar que estava tudo bem até ontem à noite.
Daí então achei melhor ponderar as coisas, todas elas, acredite. Foi aí que percebi que nós não somos mais importantes um para o outro.
Não somos mais importortantes, interessantes, amantes.  Não somos mais nada,compardo ao que fomos antes. Sei que  tudo parece um tanto piegas, mas tanto amores vivos quanto amores mortos e amores mortos-vivos (ou coisa asssim) são piegas.
E não pense que eu vou gritar, berrar, chorar, trepar como eu sempre fiz quando as coisas aconteciam assim com a gente. Também não vou ser indiferente pois, mesmo sendo biscate - como você disse -, guardo no peito um coração.
Estou cansada de gostar de você. Estou cansada de aceitar você com todos os seus defeitos, com todos os adereços machistas. Estou cansada das suas festas e das festas na casa dos seus amigos de farda. Estou farta, não quero mais nada, obrigada.
Eu não pertenço a mesma classe social. Não visto as mesmas roupas, as mesmas ideias. Não leio os mesmos livros, não vejo os mesmos filmes, não faço os mesmos programas.
Sua vida mudou, a minha também. Já não cabemos mais um dentro do outro.
Não se trata mais de (des)confiança, amor ou caretice, machismo, sexismo ou modernismo. Eu quis amar só você, mas eu tive que te dividir com outras a minha vida inteira. Você me quis, me desejou. Mas agora foda-se o seu desejo porque é ele que me engaiola todas as manhãs, tardes e madrugadas.
Eu te amo tanto... Mas teu amor não é mais conveniente para mim e meu corpo já foi abusado de mais pelo teu.
Não precisamos de mais um massacre, de mais insultos. 
Acabou. Faz tempo. Só não tínhamos aceitado ainda.
E agora escrevo ouvindo Rita Lee. Você está bebendo com os novos amigos em qualquer bar vagabundo da capital da província.
Uma feminista plus size de vinte anos não é o tipo de namorada que se pode apresentar aos companheiros não é?
Adeus, baby. Agora é minha hora de sumir da sua vida.

E nada mais triste que histórias abortadas, arrastando correntes, fantasmas inconsoláveis. 
( Caio F. Abreu - Mais uma carta para além dos muros, in: Pequenas Epifanias)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

De quando se cria asas II

Igor,

As pessoas não sobrevivem de admiração, querido. Neste caso, descarto a lisonja. Na verdade, descarto todas elas, pois muito me falta para ser admirada.
Você é uma pessoa agradável, uma criatura linda sob vários aspectos; porém não me segues no meu raciocínio. Nunca despertastes em mim aversão, certo que algumas vezes tua falta do que falar, tua falta de cultura e teu pouco esforço para adquiri-la, tua falta de diálogo comigo, teu autoritarismo em algumas questões me deixavam desconfortáveis, me intrigavam, mas não me faziam te odiar.
Sejamos sinceros, meu bem: você nunca me amou e nunca o pretendeu. Acreditei vagamente na possibilidade de haver amor quando me vi submersa pelas tuas promessas. Digo e repito se necessário: você nunca me amou. Tuas juras eram facilmente denunciadas pelos teus olhos de apetite aos decotes que uso.
Sempre te pareci fútil.
Tua falsa consciência Don Juanesca te traiu. Não seria fácil me levar para os teus lençóis, também não seria difícil, bastava-te um pouco mais de inteligencia.
O que te motivou a me escrever me chamando de ingênua e frágil? Intrigo-te tanto que procuras qualquer coisa para me justificar. Me falas de medo, de egoísmo...Hipócrita! Quem és tu para jogar meus defeitos assumidos enquanto você se ocupa em pensar apenas em si e nega ser tão superficial.
És uma criatura linda, Igor. És lindo aos olhos pouco profundos. Os meus olhos são exigentes, esperam mais das pessoas, do horizonte. Meus olhos são profundos, não são rasos e pouco argumentativos como os teus.
O horizonte, os campos, os desertos, os espinhos e as flores me esperam. Não preciso de tuas nuvens, basta-me apenas ter um chão para manter meus pés firmes.
Corro para manter raciocínio e corpo sãos.
Dispenso amores fúteis, pessoas fúteis. Dispenso amores que não tem nenhuma justificação.
Sou outra pessoa e você ficou no passado.
Lembras do dia em que você me dispensou? Hoje eu te dispenso da minha vida, descarto, esqueço.